O amor é o sentimento mais humano que conhecemos. É por causa dele que fantasias são criadas, histórias contadas e guerras movidas.
Amar deveria resultar somente em coisas boas para os envolvidos. Seria extremamente benéfico se as loucuras de amor apenas se apresentassem como grandes gestos humanos e avanços literários ou sociais. Todavia, nem sempre o amor é mútuo ou verdadeiro.
Todas as relações obrigacionais, as conjugais aí incluídas, têm a particularidade de serem efêmeras, por melhor que sejam. Um relacionamento amoroso poderá ter fim pelo simples rompimento ou pelo falecimento de uma das partes. A certeza é que acabará, e todos sabem disso.
A grande questão que nos torna humanos e faz com que esse sentimento seja tão profundo é que ele é capaz de subjugar as melhores ideias e nos tornar seres movidos pela emoção.
Isso quer dizer que alguém diante de um grande amor pode executar medidas irrazoáveis que deslindem numa falta de planejamento ou dilapidação patrimonial.
Amar não deveria significar “ficar cego por amor”.
Uniões que envolvem desigualdade de patrimônio (conquistado ou herdado) são as que possuem o maior potencial de gerar problemas futuros.
A ausência de enfrentamento de questões difíceis e o tabu que envolve um pacto do relacionamento são acentuados pela nossa tradição cristã-esquerdista – que é uma realidade em nossa sociedade.
Precisamos nos conscientizar de que amar não significa desistir de discutir sobre temas controversos e que devam colocar o “preto no branco”.
Se alguém está disposto a compartilhar tudo por amor, por que não a outra parte estaria disposta a renunciar tudo (que já não era seu) pelo mesmo sentimento?
Esses temas que envolvem patrimônio são complexos, mas são bem mais simples do que os denominados extrapatrimoniais.
Imagine pensar em que religião os filhos de um pai evangélico e uma mãe espírita seguirão no futuro? Se o colégio que irão estudar será religioso ou ateu? Qual nível de influência dos sogros sobre a escolha do time de futebol? Em caso de falecimento de ambos, qual família ficará responsável pelo cuidado?
É preciso planejar e conversar. Planejar, conversar e deixar alguma coisa escrita. Imprevistos são rotineiros e geralmente trazem dissabores incalculáveis.
Para prevenir podemos pensar em elaborar contratos de namoro; constituição de união estável; pacto antenupcial; acordos nupciais; planejamentos sucessórios; testamentos; e todo uso de uma enorme gama de instrumentos possíveis para planejar e não remediar.
Amar deveria ser simples, deveria envolver apenas amor. Transbordar amor e sentimentos positivos. Ignorar sentimentos destrutivos e com segundas intenções.
Talvez seja impossível dissociar totalmente essas situações da realidade. Mas é possível se organizar e ficar mais próximo apenas do amor sem deixar de ser humano.
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